Hoje é um dia especial em Portugal .
Faz hoje 34 anos que nasceu a democracia no nosso País.
Era eu uma jovem adolescente, mas tenho muitas recordações dessa época.
Uma das coisas que mais recordo foi de ter lido uma obra de Jorge Amado e que estava proibida pela censura. Foi " Os Subterrâneos da Liberdade". Naqueles tempos tão comturbados eu devorei aquela obra.
Depois foram os sonhos de que poderiamos ter um País melhor.
Também me recordo de andar a pintar cartazes de incentivo para as pessoas se recensearem para poderem votar nas primeiras eleições livre em Portugal. Lá em casa ninguém escapou da minha campanha e ai dos meus pais e tios que não fossem votar :) .
E eu cheia de pena de ser tão novinha que não o podia fazer. Mas assim que tive idade lá fui eu cheia de orgulho fazer o recenseamento eleitoral e na noite que antecedeu as eleições em que votei pela primeira vez acho que quase nem dormi:) Que diferente sou agora em que não deixo de cumprir o meu dever de votar mas que o faço sem aquela esperança de que as coisas mudem.
Passados que são estes 34 anos deixei de ser participativa , sou bem mais céptica e apesar de viver em democracia muitos daqueles sonhos de juventude não os vi cumpridos.
Há dias tive uma conversa com uma amiga sobre este País. Eu dizia que me apetecia sair daqui e ir viver para outro País , pois tem tanta coisa neste que não gosto. Cada dia mais violento, com as pessoas a ter menos respeito pelo seu semelhante e tantas outras coisas. Aí ela disse-me que isso também estava nas minhas mãos. Porque eu não participava activamente na vida da minha cidade? Porque não me disponha a fazer parte de uma associação de moradores por ex. e com isso ia ajudar a fazer deste cantinho à beira mar plantado um sitio melhor.
Não sei porquê mas agora ao estar aqui a escrever lembrei-me dessa conversa. Se calhar o que me faz falta agora é isso mesmo de participar de outra forma, ou seja, em vez de só criticar passar a tentar mudar o que acho que está mal.
"Portugal Ressuscitado"
Depois da fome, da guerra
da prisão e da tortura
vi abrir-se a minha terra
como um cravo de ternura.
Vi nas ruas da cidade
o coração do meu povo
gaivota da liberdade
voando num Tejo novo.
Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido
Vi nas bocas vi nos olhos
nos braços nas mãos acesas
cravos vermelhos aos molhos
rosas livres portuguesas.
Vi as portas da prisão
abertas de par em par
vi passar a procissão
do meu país a cantar.
Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido
Nunca mais nos curvaremos
às armas da repressão
somos a força que temos
a pulsar no coração.
Enquanto nos mantivermos
todos juntos lado a lado
somos a glória de sermos
Portugal ressuscitado.
Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido.
(Autor:José Carlos Ary dos Santos)
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